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domingo, 19 de dezembro de 2010

Presentes de Natal, uma origem cultural

Odete Soares Rangel

Presentes no Natal, uma obrigação, um vínculo afetivo ou uma questão cultural? George Vidor do canal Globo News  entrevistou Carmen Migueles, professora da Fundação Dom Cabral, a qual esclareceu detalhes importantes sobre os presentes nos EUA, Brasil e Japão.

Ela diz que no Brasil é uma grande festa, que o presente caracteriza a construção de um vinculo afetivo, tem relação com amor, com generosidade. O Natal é o momento de viver o sonho presenteando pessoas da família e amigos com algo supostamente desejado, mas sem condições de adquirí-lo. É como se dissesse que está presenteando-o porque gosta da pessoa.

Há uma tendência no ato de presentear. As classes sociais A e B desejam escapar dos shoppings lotados, do estresse das compras e da falta de tempo. Deste modo, escolhem instituições de caridade ou causas, às quais doam os recursos que seriam gastos nos presentes. Há um entendimento de que essas pessoas possuem todas as coisas de que necessitam, presentes seriam desnecessários.

As classes C e D também apresentam mudanças. Eles estão fazendo aquisição de bens de maiores valores. No momento, há uma demanda por máquinas de lavar roupas. Por exemplo, as mulheres evangélicas lavam roupas no final de semana, assim não dispõem de tempo para frequentarem os cultos na igreja. Elas adquirem a máquina que as libera das atividades domésticas para cumprirem sua agenda religiosa e dedicar-se a redes de relacionamentos que lhe possibilitam conseguir melhores empregos.

No Japão (atrelado ao Budismo) não há Natal, mas sim duas celebrações religiosas que são os solstícios de verão e inverno. O de inverno coincide com o Natal no Brasil. O presente lá significa gratidão. Eles presenteiam pessoas que se destacaram por cuidarem bem das famílias, porém com coisas que são consumidas em curto espaço de tempo (óleo de cozinha, papel higiênico, temperos). Isto, porque as casas são pequenas e não há espaços para coisas desnecessárias. Seria uma indelicadeza dar um presente que significasse o seu gosto pessoal.

Nos EUA o presente é individual e mais caro, marca o vínculo entre dois indivíduos, enquanto no Brasil marca as relações familiares, se presenteiam os membros da família.

Enfim, a entrevista deixa claro que em cada sociedade a cultura resignifica o presente. Carmem diz que a cultura, os valores e a apropriação do mundo material estruturam a sociabilidade.

O que é certo em qualquer lugar do mundo, é que as pessoas deveriam presentear com presentes simbólicos e não com bens materiais que os levam a um consumismo exagerado. Deveriam se preocupar em demonstrar afetividade, esta sim é o presente mais significativo e duradouro.

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